16. Plexo cervical

Aline Roberta Xavier da Silva1; Paula Beatryz Silva de Oliveira1; Karinna Veríssimo Meira Taveira2

1 acadêmica em Fonoaudiologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN); 2 docente associada do Departamento de Morfologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)

O plexo cervical é formado pela junção dos ramos ventrais dos nervos espinais cervicais de C1 a C4. Trata-se de uma estrutura mista, responsável pela inervação sensitiva da parte anterolateral do pescoço e parte do escalpo. Além disso, auxilia na movimentação dos mm. infra-hióideos e do m. diafragma.

Encontra-se inferiormente da v. jugular interna, da fáscia profunda e do m. esternocleidomastóideo, e anterior aos mm. escaleno médio e levantador da escápula. O plexo cervical pode ser dividido em ramos superficiais ou profundos. Os primeiros perfuram a fáscia cervical suprindo a pele (sensitivos), enquanto os ramos profundos em geral suprem os músculos (motores).

Ramos musculares: motores e profundos

Os ramos musculares são compostos pela alça cervical e pelo nervo frênico.

Alça cervical (C1-C3)

Possui origem nos ramos ventrais de C1 (raiz superior) e de C2 e C3 (raiz inferior). Estas duas raízes se unem junto à face anterior da bainha carótica e emitem ramos para os mm. infra-hióideos (exceto o tireo-hióideo, que é inervado pelo n. hipoglosso). O ramo ventral de C1 apresenta um trajeto inicial juntamente com as fibras do n. hipoglosso (XII), constituindo a alça do hipoglosso. Depois se destaca desta alça para formar a raiz superior da alça cervical, como mencionado anteriormente.

Nervo frênico (C3-C5)

Origina-se principalmente do IV n. cervical, mas também recebe contribuições do III e V nervos. Apresenta um trajeto descendente sobre o m. escaleno anterior, para então entrar no tórax e inervar o m. diafragma (é o único n. motor para o diafragma), e 3 lâminas serosas (pericárdio fibroso; pleura parietal, mediastinal e diafragmática; peritônio parietal). Pode ter colaboração do ramo ventral de C5 (formando por um curto trajeto e lateralmente, o n. frênico acessório).

Plexo cervical – destacado em vermelho estão os ramos musculares. Adaptado de TEIXEIRA, 2008.

Ramos cutâneos: sensitivos e superficiais

Esses nervos emergem da margem posterior do m. esternocleidomastoide e são conhecidos conjuntamente como ponto nervoso do pescoço. O ramos cutâneos se originam de ramos de C2 a C4. São eles: nervos occipital menor, auricular magno, transverso do pescoço e supraclaviculares.

N. occipital menor (C2)

Tem trajeto ascendente e posterior para a parte posterior do escalpo, atrás do pavilhão auricular e inerva a pele do pescoço e couro cabeludo posterior, atrás da orelha.

N. auricular magno (C2-C3)

Dirige-se superiormente para dar ramos terminais a frente do pavilhão auditivo (junto à face anterior da glândula parótida) e posterior a ele, até o processo mastoide. Inerva pele sobre a glândula parótida, face anterior da orelha, ângulo da mandíbula.

N. cervical transverso (C2-C3)

Também chamado de n. transverso do pescoço, apresenta direção horizontal para a pele do trígono anterior do pescoço até a linha mediana, onde supre a pele que recobre essa região, desde a borda inferior da mandíbula até o esterno.

Nn supraclaviculares (C3-C4)

Tem direção ínferolateral sobre a pele da parte inferior do pescoço e clavícula. Divide-se em ramos anterior, médio e posterior e supre a pele sobre os ombros e região anterior e superior do tórax até o plano mediano.

Plexo cervical – destacado em roxo estão os ramos cutâneos. Adaptado de TEIXEIRA, 2008.
Ramos cutâneos do plexo cervical. Adaptado de STANDRING, 2010.

Correlações clínicas

Lesões de C3 a C5, que levam ao envolvimento do nervo frênico, podem causar, além da tetraplegia, a paralisia do músculo diafragma, com importante prejuízo da respiração; e podem ser necessários respiradores artificiais para que o paciente sobreviva.