5. Sistema Urinário

O sistema urinário é encarregado pela filtragem do sangue, além da produção, transporte, armazenamento e eliminação da urina de modo intermitente. A urina corresponde ao fluido produzido durante a filtração do sangue, representando o principal meio utilizado pelo organismo para a excreção dos resíduos oriundos do metabolismo das células que não apresentam valor metabólico nutricional para o organismo. Compõem esse sistema 2 rins, 2 ureteres, 1 bexiga e 1 uretra.

Rins

Os rins são órgãos ovais pares, retroperitoneais e bilaterais a coluna vertebral a nível das vértebras T XII a L III que, ao filtrarem o sangue, produzem e excretam a urina, bem como produzem e liberam hormônios como a eritropoietina (regula a produção de células vermelhas), a renina (regula a pressão sanguínea) e outros.

É importante ressaltar que o rim direito encontra-se situado mais inferior quando comparado ao rim esquerdo, o que pode ser explicado pela localização do fígado.

Fonte: Netter (2011)

Como é a anatomia externa dos rins?

Aparentando um grão de feijão (estrutura faseoliforme), cada rim possui uma face anterior, correspondendo a superfície abaulada e orientada anterolateralmente; uma face posterior, plana e posteromedial; um polo superior, espesso e arredondado, onde há a glândula suprarrenal; um polo inferior, mais delgado; uma margem lateral (convexa) e uma margem medial (côncava).

Vista posterior do rim direito. Fonte: autoria própria.

A margem medial contém o hilo renal, por onde entram e saem os vasos, nervos e ureter, e o pedículo corresponde ao conjunto das mesmas estruturas. No hilo, a veia renal é anterior a artéria renal, já a pelve renal é a estrutura mais posterior.

O que reveste os rins?

Os rins são recobertos por uma fáscia renal, que os circunda, as glândulas suprarrenais e a gordura mais externamente, tal como uma cápsula adiposa, que é uma camada de gordura que o reveste e metade do fígado também, e uma cápsula fibrosa, a lâmina lisa e transparente que mantém um contato mais íntimo com o rim.

O que se visualiza nos rins em seu aspecto interno?

O rim apresenta um córtex, a região mais periférica e clara; colunas renais, sendo as extensões do córtex presentes entre as pirâmides; a medula, região interna mais escura e que contém as pirâmides e colunas; as pirâmides têm formato de cone, de modo que sua base está voltada para o córtex, e seu ápice para as papilas renais; os lobos renais incluem uma pirâmide e uma região do córtex; os cálices renais maiores são formados por 3 cálices menores, de modo que cada cálice menor abriga a papila renal de uma pirâmide; e um seio renal a abrigar toda a pelve renal, que afunila-se e continua como ureter.

Secção coronal do rim direito (plastinado); vista posterior. Fonte: autoria própria.
Fonte: Netter (2011)
Anatomia interna dos rins – @minutoanatômico

Qual estrutura forma a urina?

A unidade funcional dos rins são os néfrons, eles são constituídos por um corpúsculo renal, que tem como função a filtração do plasma, e um túbulo renal, a efetuar a reabsorção do filtrado para formar a urina. O filtrado é drenado para os ductos coletores, ductos papilares, cálices renais menores, onde ele passa a ser chamado de urina, já que o filtrado não pode mais ser reabsorvido, e continua pelos cálices maiores, pelve renal e ureter.

Fonte: Tortora (2016)

O que ocorre quando ingerimos bastante líquidos?

A partir de uma ingestão alta de líquidos, a urina torna-se mais diluída, de modo que mais solutos são conservados, já sob condições de baixa ingestão de líquidos, haverão mais solutos no organismo, consequentemente, mais deverão ser excretados na urina, tornando-a mais concentrada e amarelada.

Ureteres

São dois tubos musculares capazes de se contrair e realizar movimentos peristálticos, estando encarregados de receberem a urina da pelve renal e a conduzirem  para bexiga, onde desembocam através dos óstios dos ureteres. Cada um possui de 25 a 30 cm de comprimento e 3 mm de diâmetro, sendo que pode seu diâmetro pode ser menor na junção pieloureteral, na margem da pelve e dentro da parede da bexiga, os denominados “pontos de constrição”, onde os cálculos renais podem vir a ficarem alojados.

Eles dividem-se em três porções: a abdominal, pélvica e intramural. Têm como trajeto percorrer anteromedialmente o músculo psoas maior até entrar na cavidade pélvica e abrir-se na base da bexiga.

Bexiga urinária

É um órgão muscular e oco recoberto por tecido conjuntivo e por peritônio, localizado acima e posteriormente à sínfise púbica. Tem como função receber a urina e armazená-la temporariamente até sua excreção, funcionando assim, como um reservatório de urina, com uma capacidade média de 700 a 800 ml, ainda que menor nas mulheres.

Quais são as partes da bexiga?

A bexiga é formada por um músculo liso chamado de detrusor e pelas pregas vesicais, que ajudam na dilatação do órgão quando cheio. As fibras do músculo detrusor formam o músculo esfíncter interno da uretra, o qual tem atividade involuntária e essencial para evitar o refluxo de sêmen da uretra para a bexiga durante a ejaculação.

O órgão divide-se em fundo; colo, região que circunda a base da próstata e contém o óstio interno da uretra; corpo; ápice, local de onde sai o ligamento umbilical mediano; e um trígono da bexiga.

O seu colo está fixado à pelve através dos ligamentos laterais vesicais, o arco tendíneo da fáscia da pelve, o ligamento puboprostático em homens ou o ligamento pubovesical em mulheres.

Fonte: Gray (2010)
Bexiga urinária em secção coronal (vista anterior). Fonte: autoria própria

O que é o trígono da bexiga?

A região triangular de mucosa lisa existente no assoalho da bexiga é denominada “trígono da bexiga”. Ela é delimitada posterolateralmente pelos óstios dos ureteres, inferiormente pelo óstio interno da uretra – orifício que forma o ápice do trígono e situa-se no colo da bexiga; superiormente pela crista interuretérica e centralmente pela elevação chamada de úvula da bexiga, esta é maior em homens idosos devido o aumento da próstata.

Há diferenças entre a bexiga cheia e vazia? E entre a masculina e feminina?

Quando vazia, a bexiga tem formato tetraédrico rugoso e encontra-se completamente na pelve menor em adultos, já quando ela está cheia, tem formato ovoide e expande-se anterossuperiormente para a cavidade abdominal. Por sua vez, enquanto que a bexiga da mulher tem relação com a parede anterior da vagina e a parede inferior do útero, por isso, ela é menor nas mulheres. Nos homens, a bexiga situa-se acima da próstata e, sua parede posterior, mantém contato com o reto.

Fonte: Netter (2011)
Disposição da bexiga urinária na mulher (secção sagital). Fonte: autoria própria.

Uretra

É um órgão tubular ímpar que liga a bexiga ao meio externo, possuindo diferenças entre homens e mulheres.

Quais as características da uretra masculina?

A uretra masculina é mais longa e tem como função conduzir tanto a urina quanto o sêmen, logo, mesmo sendo um único canal, atende simultaneamente os sistemas urinário e reprodutor. Seu trajeto inicia-se com o óstio interno da uretra masculina e segue pelas quatro partes da uretra masculina, a intramural ou prostática, prostática, membranácea e a esponjosa.

A parte intramural da uretra masculina (0,5 – 1,5 cm) estende-se do colo da bexiga até a próstata, possuindo o óstio interno da uretra, que impede a passagem do sêmen para a bexiga e pequenas glândulas periuretrais. A porção prostática (3 – 4 cm) percorre a próstata internamente e é onde os ductos ejaculatório e prostático desembocam. A uretra membranácea (1 – 1,5 cm) contém as glândulas e os ductos bulbouretrais, mas é na parte esponjosa (~ 15 cm) onde se abrem as glândulas bulbouretrais, essa parte da uretra está localizada no corpo esponjoso do pênis, que contém a fossa navicular. Por fim, o trajeto finaliza-se no óstio externo da uretra masculina, que fornece o controle voluntário à micção.

Fonte: Gray (2010)

O que há de diferente na uretra feminina?

A uretra feminina, por sua vez, é mais curta e retilínea, sendo exclusiva ao sistema urinário, ela possui como função somente a condução da urina da bexiga para o meio externo. Seu trajeto inicia-se no óstio interno da uretra e segue pelo óstio externo da uretra feminina.

Fonte: Netter (2010)
Óstio externo da uretra feminina. Fonte: autoria própria.

Como se dá a micção?

A micção é mediada pelo controle nervoso da bexiga e da uretra, de modo que é iniciada quando o indivíduo contrai o abdome voluntariamente, levando ao aumento da pressão vesical e, consequentemente, a distensão da parede da bexiga, estimulando o reflexo da micção.

O reflexo corresponde a excitação nervosa que promove a contração do músculo detrusor da bexiga e o relaxamento do esfíncter interno da uretra, permitindo a passagem da urina armazenada na bexiga para o meio externo através da uretra. O esfíncter externo da uretra, por sua vez, controla a micção mesmo quando há o reflexo, de modo a relaxar-se, somente no momento conveniente para o esvaziamento.

Autores

Mércia Lima de Melo: Acadêmica do Curso de Licenciatura em Educação Física na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

Jade Louise A. M. Padilha Silva:Acadêmica em Fisioterapia na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

Referências:

APPLEGATE, E. Anatomia e Fisiologia. 4ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012.

HALL, J. E. Guyton e Hall: Tratado De Fisiologia Médica. 13ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2017.

MARIEB, E. N.; HOEHN, K. Anatomia e Fisiologia. 3ª ed. São Paulo: Artmed, 2009.

MOORE, K.L; DALLEY, A. F; AGUR, A. M. R. Anatomia Orientada para Clínica. 7ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017.

NETTER, F. H. Atlas de Anatomia Humana. 5ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011.

SOBOTTA, J. Atlas de Anatomia Humana. 21ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000.

STANDRING, S. Gray’s anatomia. 40ª ed. Rio de Janeiro : Elsevier, 2010.

TORTORA, Gerard J. Princípios de anatomia e fisiologia. 14ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016.