4. Sistema Respiratório

O sistema respiratório atua no processo de hematose – troca gasosa entre consumo de O2 e liberação de CO2; filtra, aquece e umidifica o ar respirado, regula o pH sanguíneo, realiza proteção contra patógenos e substâncias irritantes ao organismos que foram inalados, além de promover a olfação e a produção de sons (vocalização).

Quais são os componentes do sistema respiratório?

O sistema respiratório é composto por uma série de tubos e órgãos que podem ser divididos em uma via aérea superior – nariz, faringe e laringe; e inferior – traqueia, brônquios e pulmões. Outra divisão adotada corresponde às porções de nomes sugestivos: a porção condutora, que conduz o ar inspirado pelo nariz, faringe, laringe, traqueia e brônquios; e a porção respiratória, com bronquíolos e alvéolos nos pulmões, a realizarem a hematose.

Fonte: SILVERTHORN, 2011.

Nariz

É uma estrutura de forma piramidal osteocartilagínea situada na parte central da face no plano sagital mediano. Corresponde a primeira passagem das vias aéreas, possuindo como função umidificar, filtrar e aquecer o ar, além de ser responsável pela olfação.

Como o nariz é dividido?

1.1. Nariz externo: é formado por uma raiz – vértice superior da pirâmide; uma base – região inferior que contém as asas do nariz e narinas; um ápice – ponta do nariz; e um dorso – região lateral entre o ápice e a raiz.

Fonte: MOORE, 2017.

1.2. Cavidade nasal: é uma cavidade localizada acima da cavidade bucal (assoalho), com um teto oco formado pelo osso esfenoide, com uma parede medial sendo formada pelo septo nasal que separa a cavidade em um compartimento direito e esquerdo, e por uma parede lateral, constituída pelas conchas e meatos nasais, revestidos pela mucosa nasal.

Ela é composta pela abertura piriforme (limite anterior), narinas, vestíbulo do nariz (revestido por pele), vibrissas (pelos grossos do vestíbulo do nariz), septo nasal e coanas (limite posterior). As já citadas conchas são 3, temos as conchas nasais superior, média e inferior para aumentar a superfície mucosa, interpostas pelos meatos nasais superior, médio e inferior, pelos quais o ar circula.

Fonte: Netter (2011)

O que são os seios paranasais?

Os seios paranasais são cavidades pneumáticas que contém o ar e são revestidas por mucosa respiratória, servindo para estabelecer uma comunicação com a cavidade nasal, funcionar como uma câmara acústica (ressonância vocal) e diminuir o peso do crânio. Para tanto, subdividem-se de acordo com o osso onde estão localizados: seios frontal, maxilar, esfenoidal e etmoidal.

Fonte: Netter (2011)
Fonte: Netter (2011)

Faringe

É um tubo musculomembranoso forrado por um epitélio mucoso, posterior as cavidades nasal, oral e laríngea, correspondentes às suas divisões. Dessa forma, será um tubo comum ao sistema respiratório (parte nasal) e digestório (parte oral e parte laríngea).

Quais as especificidades de cada uma das divisões da faringe?

2.1. Parte nasal da faringe: é a parte superior da faringe que se estende dos cóanos (coanas) ao palato mole. Nela estão presentes a tonsila faríngea, um agregado de tecido linfóide; o óstio faríngeo da tuba auditiva, abertura que possibilita o equilíbrio das pressões entre a faringe e a cavidade timpânica pela passagem de ar entre eles; e o toro tubário, elevação sobre o óstio faríngeo da tuba auditiva em forma de meia lua.

2.2 Parte oral da faringe: corresponde a porção média a estender-se do palato mole a epiglote (nível do osso hioide). Contém os arcos palatofaríngeo e palatoglosso, e as duas tonsilas palatinas, chamadas popularmente de amígdalas. A orofaringe eleva o palato mole para evitar a passagem do alimento para a cavidade nasal.

2.3 Parte laríngea da faringe: é a parte inferior da laringe que inicia-se a nível da epiglote e termina na altura da cartilagem cricóidea, sendo contínua com o esôfago. Ela desce a epiglote a fim de evitar a passagem do alimento para o trato respiratório.

Fonte: Netter (2011)

Laringe

A laringe é o órgão responsável pela fonação, além de servir como um esfíncter para a proteção das vias e tubo por onde há a passagem de ar. Estendendo-se da laringofaringe a traqueia, a laringe é composta por nove cartilagens.

Quais são as cartilagens?

Uma das cartilagens laríngeas é a tireoide, sendo a maior, ela possui a proeminência laríngea ou o popular “Pomo de Adão”, mais proeminente nos homens devido a sua angulação de 90º, quando nas mulheres o ângulo aproxima-se de 120º. A cartilagem epiglótica, situada posteriormente à raiz da língua e ao osso hioide, durante a deglutição é dobrada posteriormente como resultado da pressão passiva a partir da base da língua e contração ativa dos músculos ariepiglóticos. Já a cricóidea está situada abaixo da cartilagem tireóidea e acima da traqueia, possuindo de cada lado uma cartilagem de forma piramidal, a aritenóidea. Há ainda outros dois pares de cartilagem: as corniculadas, situadas acima de cada cartilagem aritenóidea, e as cuneiformes, fixadas nas pregas ariepiglóticas, elas são visíveis como elevações esbranquiçadas através da mucosa.

Fonte: Netter (2011)
Fonte: Netter (2011)

Como é o interior da laringe?

A cavidade laríngea estende-se do ádito (abertura) até a margem inferior da cartilagem cricóidea. Ela é constituída pelo vestíbulo, o espaço entre o ádito e as pregas vestibulares; a glote, que abrange a rima da glote, as pregas vestibulares, o ventrículo e as pregas vocais; e a cavidade infraglótica.

As pregas vestibulares são conhecidas como as pregas ou cordas vocais falsas, entre elas e as pregas vocais ou cordas vocais verdadeiras, há uma fenda denominada ventrículo. Além dessas estruturas, há a rima da glote, uma abertura entre as pregas vocais, que varia de formato de acordo com a posição das pregas vocais.

Fonte: Gray (2010)

Traqueia

É um órgão tubular anterior ao esôfago e contínuo com a cartilagem cricóidea da laringe, estendendo-se até a bifurcação traqueal, que dá origem aos brônquios. A traqueia é revestida internamente por mucosa e constituída anterolateralmente por, aproximadamente, 20 anéis cartilagíneos incompletos, isto é, em forma de C, sobrepostos e ligados entre si pelos ligamentos anulares. Sua parte posterior é formada pela parede membranácea da traqueia que é desprovida de cartilagem e apresenta o músculo traqueal como complemento para os anéis.

Fonte: Sobotta (2000)

Qual a importância das cartilagens e músculos da traqueia?

As suas cartilagens proporcionam-lhe rigidez suficiente para impedi-la de entrar em colapso e, ao mesmo tempo, o músculo traqueal pode aumentar o seu diâmetro a fim de promover, involuntariamente, a passagem de volumes maiores de ar pelo órgão. O tecido elástico assegura à traqueia certa mobilidade e flexibilidade em sua estrutura, que se desloca durante a respiração e conforme os movimentos da laringe.

Brônquios

A partir da bifurcação traqueal, dois tubos são originados e cada um segue para um dos pulmões, são os brônquios principais, que logo se ramificam em outros.

Como os brônquios estão divididos?

  • Os dois brônquios principais ou de 1ª ordem possuem diferenças entre si, o direito é mais curto, calibroso e vertical que o esquerdo, por isso corpos estranhos inalados entram mais frequentemente no brônquio principal direito.
  • Os brônquios de 2ª ordem podem ser chamados de brônquios lobares, existindo 3 à direita e 2 à esquerda, eles ventilam os lobos pulmonares.
  • Os brônquios segmentares correspondem aos de 3ª ordem, oriundos das várias divisões dos brônquios lobares. Eles se subdividem, inicialmente, em bronquíolos terminais que se continuam em ramos finais chamados de bronquíolos respiratórios ou alvéolos, locais vascularizados pelos capilares onde ocorre o processo da hematose.
Fonte: Gray (2010)
Fonte: Netter (2011)

Pulmões

São órgãos pneumáticos cônicos contidos na cavidade torácica que auxiliam na delimitação do mediastino. Cada pulmão possui um formato triangular, além se ser esponjoso, sendo no seu interior que ocorre o processo da hematose.

Quais são as faces pulmonares?

Cada pulmão possui uma face diafragmática, a superfície inferior e côncava do órgão que mantém contato com o músculo diafragma; uma face costal, correspondendo à face externa que se relaciona diretamente com as costelas; e uma face mediastinal a cobrir o mediastino lateralmente

O que se pode identificar nos pulmões?

Por ser um órgão cônico, o pulmão possui um ápice, a extremidade superior arredondada que atinge o nível da 1ª costela; e uma base, na extremidade oposta ao ápice e que acomoda o diafragma. Além disso, na face mediastinal pode-se encontrar o hilo pulmonar, local por onde as estruturas penetram e saem do pulmão, e a raiz pulmonar, equivalente às estruturas que entram e saem do hilo (brônquios e afins, vasos linfáticos, nervos, artérias e veias pulmonares).

O que reveste os pulmões?

A pleura é um saco seroso completamente fechado que envolve cada pulmão, sendo um tecido conjuntivo formado pela pleura parietal – camada que reveste a face interna da parede torácica para fixar o pulmão; e pela pleura visceral – camada que reveste intimamente o pulmão. Também existe um espaço virtual entre essas duas camadas, denominado de cavidade pleural, a qual contém uma pequena quantidade de líquido pleural lubrificante responsável por permitir o livre deslizamento dos folhetos pleurais, impedindo seu afastamento e possibilitando a expansibilidade pulmonar conforme facilita o tracionamento do pulmão durante a inspiração.

Fonte: Netter (2011)

Quais são as diferenças entre os dois pulmões?

O pulmão direito possui 3 lobos, o superior, médio e inferior; dessa forma, haverá 2 fissuras os delimitando, a oblíqua divide os lobos superior e médio, enquanto que a horizontal divide os lobos médio e inferior.

Por sua vez, o pulmão esquerdo possui dois lobos, o superior e inferior sendo delimitados pela fissura oblíqua. Na sua margem anterior há uma impressão cardíaca, explicada pelo desvio do coração para a esquerda, ela molda o lobo superior de modo a formar um processo linguiforme, a língula, vestígio do lobo médio atrofiado no pulmão esquerdo.

Autores:

Mércia Lima de Melo:Acadêmica do Curso de Licenciatura em Educação Física na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

Jade Louise A. M. Padilha Silva:Acadêmica em Fisioterapia na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

REFERÊNCIAS

MOORE, K.L; DALLEY, A. F; AGUR, A. M. R. Anatomia Orientada para Clínica. 7ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017.

NETTER, F. H. Atlas de Anatomia Humana. 5ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011.

SILVERTHORN, Dee Unglaub. Fisiologia Humana. 5ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2010.

SOBOTTA, J. Atlas de Anatomia Humana. 21ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000.

STANDRING, S. Gray’s anatomia. 40ª ed. Rio de Janeiro : Elsevier, 2010.