28. Fossas externas do crânio

João Pedro Andrade Rangel

As fossas externas do crânio (temporal, infratemporal e pterigopalatina) são importantes regiões anatômicas, uma vez que são espaços que contém estruturas nobres importantes para a compreensão do conjunto contido em um espaço tão reduzido. São delimitadas por partes específicas e possuem conteúdos e comunicações únicas, cujo entendimento é essencial para uma boa visualização, uma vez que os nervos, vasos e demais estruturas presentes possuem importância clínica.

Fossa temporal

Corresponde à região superior do arco zigomático, onde fica o músculo temporal. O assoalho dessa fossa é formado pelos ossos frontal, parietal, asa maior do esfenoide e parte escamosa do temporal. Uma importante região anatômica localizada na região é o ptério, um ponto craniométrico que demarca o encontro desses ossos. Ele possui importância clínica pois se relaciona com o ramo anterior da artéria meníngea média. Sendo o crânio bastante delgado nessa região, traumatismos podem causar o rompimento da dura-máter e da artéria meníngea média, provocando um hematoma extradural que, caso não identificado, pode comprimir gradualmente o encéfalo inferiormente para o forame magno, levando à compressão do bulbo pelo cerebelo e causando, consequentemente, uma parada cardiorrespiratória.

Os limites dessa fossa são:

  • Superior: linha temporal superior
  • Inferior: arco zigomático

E seus conteúdos são:

  • Músculo temporal
  • Feixe vásculo-nervoso temporal profundo
  • Ramo temporal do N. facial

Pela abertura entre o arco zigomático e o crânio, a fossa temporal se comunica com a fossa infratemporal.

Fig 1. Vista lateral de hemicabeça direita.

Fossa infratemporal

É uma importante região do crânio, principalmente para o cirurgião-dentista, uma vez que nela se localizam os principais vasos e nervos que nutrem a maxila, mandíbula e os dentes, além de conter os músculos da mastigação. É o espaço localizado abaixo do arco zigomático, atrás do corpo da maxila e medial ao ramo da mandíbula.

Seus limites são:

  • Superior: face infratemporal da asa maior do esfenoide
  • Medial: lâmina lateral do processo pterigóideo
  • Lateral: ramo e processo coronóide da mandíbula
  • Anterior: face posterior da maxila

E seus conteúdos:

  • Músculos pterigóideos medial e lateral
  • Artéria maxilar e ramos
  • N. maxilar e mandibular e ramos (inervam os músculos da mastigação)
  • Plexo venoso pterigóideo

Além disso, a fossa infratemporal faz importantes comunicações, uma vez que tem relação com diversos ossos e contém vasos e nervos que fazem passagem para outros locais através de forames e aberturas.

Comunica-se com:

  • Fossa temporal pela abertura do arco zigomático
  • Órbita pela fissura orbital inferior -> passagem de ramos do nervo maxilar (V2, V par)
  • Fossa pterigopalatina pela fissura pterigomaxilar -> passagem da artéria maxilar e do ramo alveolar superior posterior (V2, V par)
  • Fossa média do crânio pelos forames oval e espinhoso -> passagem do nervo mandibular (V3, V par) e vasos meníngeos médios, respectivamente
Fig 2. Vista lateral do crânio ressaltando a fossa infralateral.

Fissura pterigopalatina

Trata-se de um espaço em fenda afunilado, situado abaixo da base do crânio, entre a maxila, o processo pterigoide do esfenoide e a lâmina perpendicular do osso palatino. Apesar de ser um espaço reduzido, os vasos e nervos situados nele emitem diversos ramos e estabelecem comunicações importantes.

Seus limites são:

  • Superior: face infra-orbitária da asa maior do esfenoide
  • Inferior: constrição para o canal pterigopalatino
  • Medial: lâmina perpendicular do osso palatino
  • Lateral: fissura pterigomaxilar (comunicação com a fossa infratemporal)
  • Anterior: túber da maxila
  • Posterior: lâmina lateral do processo pterigóide

Seus conteúdos são:

  • Artéria maxilar (porção terminal)
  • Gânglio pterigopalatino
  • Nervo maxilar e ramos

E suas comunicações mais importantes são:

  • Órbita pela fissura orbital inferior -> passagem do feixe vásculo-nervoso infraorbital
  • Fossa média do crânio pelo forame redondo -> passagem do nervo maxilar (V2, V par)
  • Cavidade nasal pelo forame esfenopalatino -> passagem do nervo esfenopalatino (V2, V par)
  • Palato pelos canais palatinos maior e menor -> passagem dos nervos palatinos maior e menor (V2, V par)
  • Fossa infratemporal pela fissura pterigomaxilar -> passagem da artéria maxilar e do ramo alveolar superior posterior (V2, V par)
Fig 3. Fossa pterigopalatina e suas conexões.

REFERÊNCIAS

TEIXEIRA, L.M.S.; REHER, P.; REHER, V.G.S. Anatomia Aplicada à Odontologia, 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2020.

NORTON, N. S. Netter – Atlas de Anatomia da Cabeça e Pescoço, 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012.

NETTER, Frank H.; Atlas de Anatomia Humana. 5. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011.