
Cosme J A Neto1; Hygor Albuquerque1
1 acadêmico em Fisioterapia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)
O sistema genital feminino corresponde ao conjunto de órgãos encarregados da reprodução sexuada na mulher. Este sistema é composto por órgãos gametógenos (produtores de gametas), órgãos gametóforos (vias condutoras dos gametas) e um órgão que irá abrigar o novo ser vivo em desenvolvimento. Anatômica e funcionalmente, o sistema genital feminino pode ser classificado em:
a) gônadas ou órgãos produtores de gametas: são os ovários, produtores dos óvulos e hormônios b) vias condutoras dos gametas: são as tubas uterinas; c) órgão que abrigará o novo ser vivo: útero. d) órgão copulador: vagina; e) estruturas eréteis: clitóris e bulbo do vestíbulo; f) glândulas anexas: glândulas vestibulares maiores e menores; g) órgãos genitais externos (pudendo feminino ou vulva): monte do púbis, lábios maiores e menores, clitóris, bulbo do vestíbulo e glândulas vestibulares. h) glândulas cutâneas especializadas: mamas.
Útero
Órgão que aloja o embrião e no qual este se desenvolve até o nascimento. Nele se distinguem quatro partes: fundo, corpo, istmo e colo. O corpo é a maior porção que se comunica com as tubas uterinas (pelo óstio uterino da tuba uterina). Superiormente a tal comunicação temos uma estrutura em forma de cúpula – o fundo. O corpo estende-se até uma região estreitada inferiormente denominada istmo, uma região curta com aproximadamente 1 cm. Abaixo segue-se o colo, o qual se comunica com a vagina pelo óstio do útero.

Na sua estrutura interna, o útero apresenta três camadas: a) endométrio (mais interno) – que sofre modificações com a fase do ciclo menstrual, uterina ou na gravidez; b) miométrio (média), formado por fibras musculares lisas e c) perimétrio (externa), representada inclusive pelo peritônio.

Ovários
São os produtores de gametas femininos (“óvulos”). Além desta função, produzem hormônios, os quais controlam o desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários e atuam sobre o útero nos mecanismos de implantação do óvulo fecundado e início do desenvolvimento do embrião.

Tubas uterinas
Também reconhecidas pelo epônimo trompas de falópio, as tubas uterinas transportam os óvulos que romperam a superfície ovariana em direção à cavidade do útero. Por elas passam, em direção oposta, os espermatozoides e, caso se encontrem, a fecundação ocorre habitualmente dentro da tuba. As tubas se comunicam externa e lateralmente com a cavidade peritoneal pelo óstio abdominal da tuba, e interna e medialmente pelo óstio uterino da tuba uterina. De lateral para medial, a tuba pode ser subdividida em quatro partes: infundíbulo, ampola, istmo e uterina. O infundíbulo tem forma de funil cuja base se encontra no óstio abdominal da tuba e é dotado de franjas irregulares que envolvem os ovários – as fímbrias. Ocasionalmente, o óvulo fecundado pode se fixar na (ampola?) da tuba uterina e ocasionar a gravidez tubária.
Peritônio na cavidade pélvica
O peritônio é a maior membrana serosa do corpo, transparente e que recobre tanto a parede abdominal quanto as vísceras. Assim, ao recobrir a cavidade pélvica, também recobre as tubas uterinas e o útero, ficando entre a bexiga – anterior à eles – e o reto – posterior à eles. O peritônio, após recobrir a bexiga, reflete-se do assoalho sobre o útero, formando uma ampla prega transversal denominada ligamento largo do útero. Este ligamento, divide a cavidade pélvica em um compartimento anterior, entre a bexiga e o útero – escavação vesicouterina; e o posterior, entre o útero e o reto – escavação retouterina. O útero fica envolvido pelo ligamento largo, assim como a tubas uterinas, incluídas na borda superior do ligamento. Já os ovários se prendem à este ligamento pela face posterior por uma prega denominada mesovário, e desta forma se projetam na escavação retouterina. Outro meio de fixação é o ligamento redondo do útero, que se liga ao útero e passa ao longo do ligamento largo, atravessando o canal inguinal e chegando ao lábio maior.
Mamas
São órgãos anexos à pele, situados anterior e bilateralmente ao tórax, possuindo seu parênquima especializado na produção de leite para nutrir o recém-nascido. Possuem uma porção glandular, tecido conjuntivo e tecido adiposo. Comumente, nas crianças e nos homens são estruturas bastante rudimentares. No sexo masculino, o desenvolvimento anormal é uma condição denominada ginecomastia, causada por fatores hormonais e medicamentosos.
Externamente, as mamas apresentam formato cônico, podendo variar de acordo com tecido adiposo, idade e estado funcional. Facilmente observáveis, as papilas mamárias são projeções que recebem os ductos lactíferos. Ao redor, existe uma área mais pigmentada, a aréola mamária, com glândulas sudoríparas e sebáceas.
Vulva ou pudendo
A genitália externa feminina, ou vulva, inclui o monte do púbis, os lábios maiores, lábios menores, o clitóris, o vestíbulo da vagina, o bulbo vestibular e as glândulas vestibulares maior e menor. Vulva e pudendo são sinônimos, logo, ambos incluem todas essas partes. O pudendo apresenta tecidos eréteis que se intumescem durante a estimulação sexual, funciona para orientação da urina excretada e também como uma proteção contra a entrada de corpos estranhos nos canais urinário e genital.


Monte do Púbis
O monte do púbis é uma eminência arredondada formada por tecido adiposo, coberta por pelos e situada sobre a sínfise púbica e ao osso púbis adjacente. O aspecto arredondado de sua superfície aparece no período da puberdade e diminui na menopausa.
Lábios Maiores
Os lábios maiores do pudendo são pregas cutâneas proeminentes que se estendem do monte do púbis até o ânus. É preenchido por tecido subcutâneo de músculo liso e uma extremidade do ligamento redondo do útero. Juntos, formam a rima do pudendo, no interior da qual estão lábios menores e vestíbulo da vagina. São mais espessos anteriormente, onde se unem formando a comissura anterior. Posteriormente seguem paralelamente, se unindo a partir de uma crista, formando a comissura posterior, que limita a vulva posteriormente. Sua face externa é pigmentada e recoberta por pelos, enquanto a superfície interna é lida e rosada.
Lábios Menores
São duas pregas cutâneas desprovidas de tecido adiposo e situadas na rima do pudendo que circundam o vestíbulo da vagina. Anteriormente, cada lábio se bifurca a altura do clitóris. A camada lateral de cada lado passa sobre o clitóris, formando o prepúcio do clitóris, enquanto a camada medial de cada lado vai passar abaixo do clitóris e formar o frênulo do clitóris. A face interna é úmida, de cor rosada e contém muitas glândulas sebáceas e terminações nervosas sensitivas. Posteriormente, circundam o orifício vaginal.
Clitóris
O clitóris é uma estrutura erétil envolta parcialmente pelas extremidades bifurcadas dos lábios menores. Conta com uma raiz, um corpo e uma glande. O seu corpo é composto por dois corpos cavernosos, compostos de tecido erétil, e é coberto pelo prepúcio. Ao contrário do pênis, o clitóris não tem relação com a uretra ou micção, e serve apenas como órgão de excitação sexual, já que seu epitélio tem uma alta sensibilidade ao toque.
Vestíbulo da Vagina
É o espaço circundado pelos lábios menores onde se abrem os óstios da vagina e externo da uretra e as aberturas das glândulas vestibulares maiores e menores. O óstio externo da uretra está localizado cerca de 2 cm posteroinferiormente ao clitóris, e anteriormente ao óstio da vagina. Em cada lado do óstio externo da uretra se encontram as aberturas dos ductos das glândulas uretrais. No óstio da vagina há a presença do hímen, uma prega anular fina de mucosa, que proporciona uma oclusão total ou parcial do óstio, e quando rompido essa prega, são visíveis as carúnculas himenais remanescentes.
Bulbo Vestibular
Os bulbos do vestíbulo se encontram a cada lado do óstio da vagina. São duas massas longas, eréteis, de cerca de 3 cm de comprimento. Estão superiores ou profundamente aos lábios menores do pudendo, está coberto pelos músculos bulboesponjosos em suas faces laterais e inferiores. São homólogos aos bulbos do pênis.
Glândulas Vestibulares Maiores e Menores
As glândulas vestibulares maiores são duas massas ovais, de tom vermelho-amarelada, que estão situadas uma em cada lado do vestíbulo da vagina. Posteriormente, são sobrepostas pelos bulbos do vestíbulo. Os ductos destas glândulas se abrem em cada lado do óstio da vagina, para secretar um muco claro e lubrificante durante a excitação sexual.
As glândulas vestibulares menores são pequenas glândulas que se abrem entre o óstio da uretra e o óstio da vagina. Essas glândulas, igualmente as maiores, também secretam muco para o vestíbulo da vagina, visando lubrificar os lábios do pudendo e o vestíbulo da vagina.
Vagina
A vagina é um tubo fibromuscular, que se estende do óstio da vagina até o útero. É o órgão feminino da cópula, recebe o sêmen, serve como canal para escoação do sangue menstrual e outras secreções uterinas, além de, no parto, dar passagem ao bebê. Se comunica superiormente com o útero através do óstio do útero e inferiormente com o vestíbulo da vagina através do óstio da vagina. O fórnice é o fundo da vagina, que em sua extremidade superior envolve o colo do útero. O óstio da vagina é fechado pelo hímen, uma prega anular, que após rompida, há a formação de linguetas ou pequenas elevações, as carúnculas himenais.
Referências:
STANDRING, S. (Ed.). Gray’s anatomia: a base anatômica da prática clínica. 40. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.
MOORE, Keith L. Anatomia orientada para a clínica. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014.
DANGELO, J. G.; FATTINI, C. C. Anatomia sistêmica e segmentar. 3.ed. São Paulo: Atheneu, 2007.