
Aline Roberta Xavier da Silva¹ & Paula Beatryz Silva de Oliveira¹
1graduandos em Fonoaudiologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)
O pescoço é dividido em regiões a fim de permitir a descrição clara acerca da localização das estruturas, lesões ou afecções. Numa vista anterolateral, entre o crânio e as clavículas, o pescoço é dividido em quatro regiões principais com base nas margens geralmente visíveis e/ou palpáveis dos músculos esternocleidomastóideo (ECM) e trapézio, grandes e relativamente superficiais, contidos pela lâmina superficial da fáscia cervical.
O quadrilátero é limitado superiormente pela margem inferior da mandíbula e uma linha imaginária até o processo mastóideo; inferiormente, pela clavícula; anteriormente, pela linha mediana anterior do pescoço e, posteriormente, pela margem anterior do músculo trapézio. O músculo esternocleidomastóideo divide essa área quadrangular em um trígono cervical posterior e um trígono cervical anterior.

TRÍGONO CERVICAL POSTERIOR
É a região do pescoço localizada entre o músculo esternocleidomastóideo, anteriormente; e o músculo trapézio, posteriormente. O limite inferior é a clavícula (terço médio). O assoalho do trígono é formado pela fáscia pré-vertebral sobrejacente aos músculos esplênio da cabeça, levantador da escápula e escalenos. O ventre inferior do músculo omo-hióideo cruza obliquamente esse trígono, dividindo-o em trígono occipital (superior) e trígono supraclavicular (inferior).
Trígono Occipital: Constitui a parte maior e superior do trígono posterior, com o qual partilha as mesmas margens; exceto que inferiormente é limitado pelo margem superior do ventre inferior do músculo omo-hióideo. Seu assoalho, de cranial para caudal, é formado pelo esplênio da cabeça, pelo levantador da escápula e pelos escalenos médio e posterior. O trígono é coberto pela pele, pelas fáscias superficial e profunda e inferiormente pelo platisma.
- Conteúdo: abrange parte da veia jugular externa; ramos posteriores do plexo cervical; nervo acessório (XI par); troncos do plexo braquial; artéria cervical transversa e linfonodos cervicais. Os linfonodos situam-se ao longo da margem posterior do esternocleidomastóideo a partir do processo mastoide até a raiz do pescoço.
Trígono Supraclavicular: É a divisão inferior e menor do trígono posterior, com o qual partilha os mesmos limites; exceto que superiormente é limitado pela margem inferior do ventre inferior do músculo omo-hióideo. O trígono é coberto pela pele, pelas fáscias superficial e profunda, pelo platisma e é cruzado pelos nervos supraclaviculares.
- Conteúdo: compreende a artéria subclávia (terceira parte); parte da veia subclávia (em algumas vezes); a. supraescapular; linfonodos supraclaviculares. Outras estruturas no interior do trígono incluem o nervo para o músculo subclávio, que atravessa o trígono, e os linfonodos.
TRÍGONO CERVICAL ANTERIOR
É a região do pescoço delimitada anteriormente pela linha média do pescoço e posteriormente pela margem anterior do esternocleidomastóideo; superiormente, estende-se da borda inferior da mandíbula até o processo mastoide e cujo ápice se encontra no manúbrio esternal . É subdividido pelos músculos digástrico e omo-hióideo em trígonos submandibular, submentual, carotídeo e muscular.
Trígono Submandibular: É limitado pela margem inferior da mandíbula e pelos ventres anterior e posterior do músculo digástrico. Está coberto pela pele, fáscia superficial, platisma e fáscia profunda, que contêm ramos dos nervos facial e cervical transverso. Seu assoalho é formado pelos músculos milo-hióideo e hioglosso.
- Conteúdo: inclui a glândula submandibular; a artéria facial, localizada profundamente na glândula; a veia facial e linfonodos submandibulares localizados superficialmente na glândula. O nervo hipoglosso (XII par) e o nervo milo-hióideo (V par) cruzam profundamente o trígono.
Trígono Submentual: É o único trígono ímpar, limitado inferiormente pelo corpo do osso hioide e lateralmente pelos ventres anteriores dos músculos digástricos.
- Conteúdo: O trígono possui linfonodos submentuais e pequenas veias que se unem neste trígono para formar a veia jugular anterior.
Trígono Carotídeo: É uma área assim denominada por conter a artéria carótida comum e seus ramos. É limitado pelo ventre superior do omo-hióideo, ventre posterior do digástrico e pela margem anterior do m. esternocleidomastóideo. O trígono carotídeo é coberto pela pele, pela fáscia superficial, pelo platisma e pela fáscia profunda, contendo o ramo cervical do nervo facial (profundamente) e ramos do nervo cervical transverso (superficialmente). Partes dos músculos tireo-hióideo, hioglosso e constritores inferior e médio da faringe formam seu assoalho.
- Conteúdo: Apresenta como conteúdo estruturas nobres do pescoço, tais como: aa. carótidas comum, externa e interna; alguns ramos da carótida externa; v. jugular interna; partes dos nervos vago (X par), n. acessório (XI par) e n. hipoglosso (XII par). A laringe e a faringe e os nn. laríngeos interno e externo estão localizados profundamente nesse trígono.
Trígono Muscular: Recebe tal nome porque nele se situam os músculos infra-hióideos, assim denominados por estarem abaixo do osso hioide. É limitado pelo ventre superior do omo-hióideo, margem anterior do músculo esternocleidomastóideo e linha mediana anterior do pescoço a partir do osso hioide até o esterno.
- Conteúdo: músculos infra-hióideos e as vísceras do pescoço, a saber: parte cervical do esôfago e traqueia, laringe, glândulas tireoide, paratireóides e timo.

CORRELAÇÕES ANATOMOCLÍNICAS
A porção supraclavicular do plexo braquial situa-se anteriormente ao músculo escaleno médio, no trígono supraclavicular, onde pode ser anestesiado para cirurgias no membro superior.
REFERÊNCIAS:
MOORE, Keith L. Anatomia orientada para a clínica. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014.
STANDRING, S. (Ed.). Gray’s anatomia: a base anatômica da prática clínica. 40. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.
Teixeira, Lucília Maria de Souza. Anatomia aplicada à odontologia / Lucília Maria de Souza Teixeira, Peter Reher, Vanessa Goulart Sampaio Reher. – 2.ed. – [Reimpr.] – Rio de Janeiro : Guanabara Koogan, 2012.