Pseudociência aqui e acolá

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Podemos entender a pseudociência como aquela falsa ciência que não se publica em periódicos científicos (justamente pelo fato de que são impublicáveis). E quando se publica, é notoriamente reportada como “junk science”. Ela tem se tornado um assunto muito sério porque aumentou enormemente sua abrangência nas últimas décadas, a partir da segunda metade do século 20 e, principalmente, após a pandemia.

Recentemente, a pseudociência, em algumas áreas, tem se fundido com a $iên$ia (a ciência com conflitos de interesse). Por exemplo: a pseudociência ambiental do dióxido de carbono e metano – uma estratégia de governança global que objetiva reduzir a autonomia da sociedade. Como exemplos de pura pseudociência temos a ideologia de gênero e a pseudociência da educação brasileira (com sua verborragia desconexa da educação aliada a ideologia Gramscista), ambas de espectro socialista. Mas, há também a pseudociência no espectro da chamada direita. Por exemplo, o terraplanismo e a narrativa da presença do óxido de grafeno nas vacinas covid-19 a qual envolveria o monitoramento das pessoas por meio de dispositivos nanoeletrônicos a partir de antenas wi-fi. Mais recentemente, existe também alegação de que o alumínio, encontrado em muitas vacinas clássicas e modernas, causaria uma série de problemas de saúde, quando a quantidade de alumínio nelas é muito inferior àquela encontrada nos alimentos cozidos diariamente em panelas desse metal ou assados com folha de alumínio. Falta às pessoas senso de proporcionalidade. Além disso, corre também nas redes sociais alegações infundadas de que algum excipiente nas vacinas causaria autismo – uma desordem multifatorial cujo principal fator é o genético.

Acredita-se que a explosão de casos de autismo das últimas possa ser atribuída ao maior consumo de produtos químicos alimentícios, de higiene e cosméticos; à nova concepção sobre espectro autista, à maior abrangência da pesquisa de porta em porta sobre os casos na população; embora também possa haver um outro fator desconhecido, mas que deve ser cuidadosamente investigado para evitar alardes infundados, pois, por exemplo, foi já provado cientificamente que a vacina MMR (measles, mumps, rubella ou sarampo, caxumba e rubéola) não provoca autismo.

Enfim, estamos cercados de pseudociências e ciências com conflitos de interesse (esta, inclusive, envolve o lobby das indústrias farmacêuticas) ou uma fusão de ambas. Cabe ressaltar que devemos sim ter cuidado com novos medicamentos e novas vacinas, pois podem ter efeitos adversos ainda não conhecidos, por mais que tenham passado de forma correta por todas as fases clínicas, mas não significa generalizar para todas as vacinas. Ter cuidado e cautela, sim, mas não entrar em pânico generalizado e não tomar atitude paranóica de que tudo faz mal.

Enfim, tem sido um trabalho árduo mostrar para leigos as diferenças entre elas, para separar o trigo do joio. E para piorar, há pessoas que assumem uma postura arrogante de que compreendem irrefutavelmente alguns desses temas, quando sequer tem conhecimento construído numa graduação nas áreas de física, química, biologia e/ou medicina. São os ixpixialistas de plantão donos da verdade. Um árduo trabalho para nós, cientistas de fato (que estudaram na graduação, mestrado, doutorado, orientaram mestrandos e doutorandos, escrevem livros e artigos, e principalmente, não têm conflitos de interesse), lidar com toda essa problemática, mas trata-se de um importante papel que devemos encarar para o bem da sociedade.

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