Bento J Abreu

Estimado leitor, separe uns minutinhos de seu tempo para escutar a composição abaixo:

Trata-se de um clássico composto em 1781, quando Wolfgang Amadeus Mozart não tinha mais que 25 anos. Mas além da parte musical, tem algo de muito curioso nessa composição. Um estudo publicado por Rauscher, Shaw e Ky (1993) demonstrou que ouvi-la por 10 minutos pode propiciar ganhos cognitivos distintos, tais como melhores habilidades de raciocínio espacial (ainda que temporários) em sujeitos normais após ouvir essa sonata para piano, algo que foi posteriormente chamado de Efeito Mozart.

Tais efeitos foram confirmados por muitos trabalhos, ao passo que foi confrontado por tantos outros… No entanto, ajudou a pavimentar a ideia de que a “música te torna mais inteligente” – mas faço aqui um adendo, imagino que essa expressão não abarque todo tipo de música, notadamente àquela tocada atualmente em terras tupiniquins…

Na verdade, a musicoterapia não pode ser considerada algo recente. Desde Pitágoras já se sabia sobre a medicina musical, na qual a natureza matemática da música era capaz de influenciar a mente e o corpo (Jenkins, 2001). Hoje compreendemos um pouco mais sobre os efeitos terapêuticos da música para aumentar a cognição, reduzir a dor e a ansiedade, reequilibrar o status imunológico do paciente, incrementar a função cardíaca ou mesmo mitigar os efeitos de doenças como a epilepsia e a demência (Pauwels et al., 2001). Todavia, ainda há muito a se investigar: por quais mecanismos a música prazerosa influencia a performance cognitiva e as emoções?, tais efeitos podem ser retidos com o tempo ou são de apenas curta duração?, qual a sua devida relação com a inteligência?, etc. Quem sabe nos próximos anos tenhamos mais respostas que perguntas para esse tema tão instigante…

Referências:

Rauscher FH, Shaw GL, Ky KN. Music and spatial task performance. Nature. 1993;365:611. 

Jenkins JS. The Mozart effect. J R Soc Med. 2001 Apr;94(4):170-2.

Pauwels EK, Volterrani D, Mariani G, Kostkiewics M. Mozart, music and medicine. Med Princ Pract. 2014;23(5):403-12.