
Vez por outra somos acometidos pela famigerada diarreia, fenômeno que consiste na evacuação descontrolada de fezes líquidas por pelo menos três vezes ao dia, geralmente devido à ingestão de alimento ou líquido contaminado por bactérias, vírus, parasitas ou por toxinas diversas.
A despeito do que muitos imaginam, a diarreia não provoca distúrbios apenas no sistema digestório do indivíduo, mas também em diversos outros órgãos que à primeira vista não são comumente lembrados. Um exemplo interessante envolve o sistema urinário. Como a perda de água é um achado frequente na diarreia, os rins são logo recrutados de forma a compensar a acidose metabólica e, assim, aumentam a secreção de de íons hidrogênio ao mesmo tempo que reabsorvem íons bicarbonato. Além disso, se o volume de líquido que passa pelo intestino grosso abunda, não se pode dizer do volume sanguíneo. Como este se encontra diminuído, barorreceptores são ativados a fim de promover a manutenção do volume e pressão sanguínea. O sistema nervoso capta informações relacionadas à redução do volume sanguíneo e provoca a sensação de sede. No entanto, com a redução dos íons, sua atividade diminui. Dessa maneira, é evidente que a reposição de líquidos e íons consiste em grande parte do tratamento dessa condição clínica.
O próprio sistema endócrino libera hormônios (antidiurético e aldosterona) que aumentam a retenção de água pelo organismo, assim como a reabsorção de sódio pelos rins. Interessantemente, na diarreia o pH do sangue tende a diminuir e o sistema respiratório aumenta a frequência respiratória com o intuito de expelir dióxido de carbono do corpo e, consequentemente, eliminar excesso de H+ da corrente sanguínea.
O paciente que padece dessa afecção pode apresentar-se fraco e indisposto, não raro exibindo febre. A pele tende a tornar-se pálida devido à vasoconstrição dos vasos sanguíneos. Caso haja dor abdominal decorrente dos reflexos locais aumentados, o suor e palidez podem aumentar. Com o tempo (a diarreia aguda dura menos que 3-4 semanas), o corpo mobiliza leucócitos para o intestino grosso em resposta à inflamação e infecção da região.
Referência:
Vanputte C.L.; Regan J.L.; Russo A.F.. Anatomia e Fisiologia de Seeley. 10a. Edição. AMGH Editora, 2016.