Não me lembro quando exatamente, talvez nos idos de 1999… numa das primeiras festas da família de minha então namorada – hoje minha digníssima esposa -, em que tive a oportunidade de participar, chamou-me a atenção a indefectível e estridente gargalhada de uma elegante senhora. Era a tia Cláudia, ou simplesmente “tia Có”. Mesmo numa família de “italianos”, o estrondo de seu riso irrompia o barulho da festa e tornava tudo mais cômico. Aliás, tudo era motivo para festa para essa turma.
Passei dezenas de carnavais, festas, churrascos e feriados em seu sítio, uma lugar tão belo, florido e aconchegante que tanto nostalgia me traz. Recordo-me de que ela sempre se apresentava risonha, enquanto ostentava um whisky numa mão ao passo que a outra empunhava um cigarro com um trejeito bastante particular. Rezava a lenda que detestava água e a substituía por coca-cola. Certo dia, imbuído do desejo em comprovar isto, comecei a observar se tal hábito era realmente verdadeiro. Enquanto conversava com seus filhos e amigos sobre amenidades (leia-se besteiras) num trivial churrasco, posicionei-me curioso ao redor enquanto os mais “velhos” jogavam um interminável carteado. Digamos que, pelo menos naquele dia, parei de conferir sobre a veracidade daquilo por simples cansaço…
Tia Cláudia e Tio Márcio, seu amável e irreverente marido, também eram pessoas muito generosas. Auxiliaram-nos de tal maneira que seremos sempre gratos por tamanha bondade e dedicação. Nos últimos anos, o casal e filhos lutavam contra os desafios que uma doença tão inglória impunha à toda família e, embora a milhares de quilômetros distantes, acompanhávamos com atenção e torcíamos por um desfecho positivo.
Pois ontem, dia 13 de agosto de 2022, a “tia Có” foi descansar e alegrar o céu com seu sonoro riso. Em nome de nossa pequena família, peço que o justo e bom Deus acolha sua doce alma e conforte a todos os familiares.
Anatomia & Fisioterapia 