
Mesmo se considerarmos a miríade de diferenças culturais, os questionamentos sobre a finitude humana sempre estiveram presentes ao longo de nossa história. Hoje mesmo, embora o grande avanço tecnológico e científico estenda nossa expectativa média de vida e propicie sua melhor qualidade, antevimos a morte como um estágio inevitável pelo qual todos passaremos, mais cedo ou mais tarde. Preocupamo-nos intimamente com os amigos e familiares que aqui permanecerão e com o legado e as tradições que deixaremos ao mundo, ao mesmo tempo que nos indagamos sobre a eternidade da alma humana.
Apesar dessa constante na civilização ocidental, ler e estudar sobre a morte não é considerado algo convencional. De certa forma, observa-se um verdadeiro tabu em relação ao estudo da tanatologia. Foi com um misto de curiosidade e receio que comecei a ler “A morte e suas Representações”, obra do meu colega anatomista Juarez Chagas. É interessante notarmos que, se por um lado estuda-se sobre a vida humana desde sua concepção, passando pela infância, juventude e envelhecimento; pouco ou quase nada se fala acerca da finitude do homem.
O texto é dinâmico e repleto de informações históricas que particularmente interessa a qualquer anatomista. Além disso, a obra traça um paralelo em relação às representações da morte por parte de alunos e professores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, bem como por alunos de escolas de Natal /RN. Trata-se de uma grata surpresa que certamente nos fará questionar mais acerca da morte… ou mesmo de nossa vida…