Mistérios Educacionais

Foi nas diversas adversidades que defrontei-me nos últimos anos que tive a honra de conhecer uma pessoa iluminada e bondosa como o Flávio. Aqui, o nobre amigo continua o assunto sobre o estado da educação no país e nos presenteia com um texto sobre sua experiência em atividades sociais destinadas aos jovens do Rio Grande do Norte.


Algumas atividades que desenvolvo no campo social me colocam em contato com jovens de comunidades carentes. Os papos que rolam quando estamos juntos vão de futebol a efetividade do que disponibilizamos. Navegamos nas searas diversas, aproveitando de vez em quando, para perguntar algumas coisas básicas, na esperança de obter respostas corretas.

Infelizmente, não é o acontece na grande maioria das vezes. No meu tempo, por exemplo, ao chegar a certa série escolar, sabíamos as capitais do Brasil e várias do planeta, os principais rios, como a Terra está dividida em continentes, como também o que são lagos, montanhas e a tabuada de cabo a rabo.

Confesso que a decepção é enorme ao ver os jovens acabrunhados empreenderem fuga no olhar, trocando o sorriso do papo até então agradável, para a vergonha da resposta ausente.

Esse vazio de aprendizado, também encontro em jovens de classes economicamente melhores, mas em número bem menor, estando no ensino público a maior parte da problemática nacional.

Tempos atrás adotei socialmente dois jovens, possibilitando educação e outras coisas, percebendo nitidamente a evolução dos mesmos nesta área. Ao perguntar como era antes, falavam de greves constantes, matérias sem professores quase o ano todo, ausência de cobranças e certo alheamento dos pais com relação à educação.

Refletindo sobre a situação e vendo claramente a total ausência de conhecimento mínimo, numa ignorância quase total, estando àquele jovem numa espécie de jardim de infância do aprendizado, penso em como foi possível ele passar de ano, se não sabe responder as perguntas mais elementares possíveis?

Uma provável explicação é um sentimento quase generalizado entre os professores de que não é crível atravancar o avanço dos mesmos, como uma espécie de bondade coletiva, uma benesse pela situação difícil que a maioria passa em seu cotidiano.

É até bonito e louvável, se na verdade não promovesse justo o contrário, uma vez que o jovem passando ano após ano, sem na verdade adquirir conhecimento mínimo, certamente chegará aos estágios últimos do sistema educacional, imantado de amor pelos mestres humanitários, mas totalmente vazio de informações que possam inserir cada um no mercado de trabalho, em concursos e em outros setores da vida adulta.

Presumo então que a verdadeira revolução que precisamos ter em nosso amado Brasil reside nessa área, uma vez que empurrando esses jovens para frente, de qualquer forma, teremos professores com a consciência mais tranquila de não reprovar, mas jovens sem nenhum conhecimento, intranquilos por nada acessar.

Que situação, rapá…

Flávio Rezende, aos onze dias, mês quatro, ano dois mil e dezenove, 8h33.

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