As principais lesões na Copa do Mundo de 2014 e o que elas podem predizer para 2018…

   A Copa do Mundo é um evento único no esporte mundial e reúne os maiores craques do futebol, considerados ídolos de milhões de pessoas em todo o globo. Tratam-se de jogadores singulares que movimentam cifras milionárias, seja por talento demonstrado, transferências ou marketing agregado aos clubes.

   Ao assistir um dos melhores jogos da Copa do Mundo da Rússia até o momento – Portugal x Espanha, indaguei-me o quão deletério seria a ausência de Cristiano Ronaldo para o time lusitano por motivo de lesão. Agora imagine o que seria da Argentina sem Messi?! Poderia dizer o mesmo de Neymar ao considerar a seleção brasileira, mas prefiro me resguardar de possíveis críticas no momento…

   Assim, resolvi buscar como curiosidade dados sobre as lesões no esporte ocorridas na última Copa, aquela do fatídico “7 x 1”. O estudo de Jung & Devorak (2015) me forneceu grande parte das respostas e sintetizo abaixo os seus achados mais relevantes.

   Em 2014 ocorreram 104 lesões, o que caracteriza cerca de 1,68 lesões por partida. Destas, cerca de 64% originaram-se de contato físico entre os adversários. Membros inferiores (65%), seguido por cabeça/pescoço (18%) e membros superiores (9%) foram as regiões mais acometidas.

   Interessantemente, o diagnóstico mais frequente foi distensão da coxa (18 casos), sendo que a maioria não envolveu contato. Foram lesões que levaram à retirada do atletas do jogo e distribuíram-se principalmente no primeiro tempo. Por outro lado, lesões na cabeça (19 casos) envolveram contato (94% dos casos) e foram diagnosticadas como laceração, contusão, concussão e até fratura – esta inclusive considerada de gravidade severa!

   A incidência do número total de lesões, assim como a perda de tempo resultante das lesões, declinou de 2002 para a  2014, como pode ser visualizado na figura abaixo. Além disso, se o número de lesões que ocorreram sem-contato não apresentou diferenças estatísticas entre os períodos analisados, o número das lesões que envolveram contato declinou constantemente, partindo de 1,91 lesões por partida em 2002 e chegando a 1,03 em 2014.

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Número de lesões por partida (barra cinza) e número de lesões que levam à perda de tempo (barra preta). Retirado de Jung & Devorak, 2015.

   Os dados acima foram extraídos de relatório oficial da FIFA que ocorre da presente forma desde 1998 – outra fatídica Copa para nós brasileiros. São dados importantes para as ciências da reabilitação pois, a princípio, revelam que diversas variáveis estão funcionando perfeitamente a fim de mitigar a perda de jogadores por problemas de saúde. Poderia, subjetivamente, destacar entre as possíveis variáveis as técnicas de prevenção – talvez um assunto para outra postagem. O artigo supracitado também reporta que os cuidados envolvendo concussão devem ser observados com critério. Por exemplo, o árbitro somente deve reiniciar o jogo após episódio de concussão caso o médico da equipe o devidamente autorize.

   No entanto, o estudo possui certas limitações. A primeira envolve o tipo de lesões, já que somente se ateve às lesões agudas em detrimento das crônicas, que facilmente podem estar em sobreposição às demais. Além disso, as lesões decorrentes de treinamento não foram observadas, o que certamente elevaria o número total de lesões.

   Em tempo: na partida de estreia do Brasil na Copa da Rússia e diante do implacável time suíço, Neymar recebeu nada menos que 10 faltas!, batendo o recorde dos últimos 20 anos. Enfim, espera-se que as estrelas possam demonstrar sua técnica, força e habilidade na Copa da Rússia distantes do fantasma de uma lesão…

Referência:
Junge A, Dvořák J (2015). Football injuries during the 2014 FIFA World Cup. Br J Sports Med. 2015 May;49(9):599-602.

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