Panorama geral sobre as fraturas de órbita

A órbita é uma cavidade óssea com aspecto de “cone achatado”, constituída por sete ossos e que abriga o bulbo do olho, músculos, estruturas neurovasculares, e tecido fibroadiposo, e que pode ser severamente afetada nos traumas faciais. As fraturas de órbita podem estar associadas a lesões oculares e cerebrais. Portanto, é um grupo de lesões que requer alerta para uma adequada investigação de traumas associados. Todavia, podem ter seu tratamento postergado até que lesões mais graves sejam adequadamente tratadas.

órbita
Visão anterior do crânio destacando a órbita esquerda

As fraturas da região orbitária apresentam uma grande variedade de características, mas muitas delas podem ser divididas em dois tipos: as fraturas orbitais puras e impuras.
Estas, diferentemente das puras, são as que comprometem, não apenas a cavidade orbital propriamente dita, mas também as estruturas ósseas vizinhas, tais como as bordas orbitais; o osso zigomático (fraturas do complexo zigomático-orbitário); o osso etmoide e os ossos nasais (fraturas do complexo naso-orbitoetmoidal); alguns tipos de fraturas de maxila (fraturas maxilares do tipo Le Fort); e fraturas supraorbitais, sendo mais comuns as fraturas com comprometimento associado do osso zigomático.

Na maioria das fraturas que envolvem a região do terço médio e superior da face (da região das maxilas, ao osso frontal), existe a possibilidade de traumas orbitários. Logo, nesses casos, é prudente a investigação de lesões nesse sítio anatômico; sendo assim, o diagnóstico dos traumas de órbita passa por um adequado exame clínico e de imagem.
Clinicamente, é possível identificar, dentre outros sinais, a presença de hemorragia abaixo da conjuntiva do globo ocular (subconjuntival); equimose e edema dos tecidos palpebrais; presença de ar contido nos tecidos orbitais (enfisema orbitário); disfunção do nervo infraorbitário,  achado geralmente associado com fraturas orbitárias impuras; redução da mobilidade ocular, sendo que quando muitos achados são relacionados ao globo ocular, é necessária a avaliação de um oftalmologista. Todavia, apesar da importância do exame clínico minucioso, este não é capaz de identificar com precisão a presença e extensão do trauma orbitário, sendo indicada a realização de exames de imagem, dos quais o “padrão-ouro” é a tomografia computadorizada (TC).

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Exemplo de TC ressaltando fratura na órbitra esquerda. Retirado de https://www.researchgate.net/figure/3D-bone-reconstructed-images-showing-the-foreign-body-embedded-in-the-left-inferior_fig4_309359938. 09/07/2018

As indicações para o tratamento das fraturas da cavidade orbitária propriamente dita geralmente estão relacionadas a três situações: aprisionamento (encarceramento) dos músculos extraoculares, levando à restrição dos movimentos oculares; alterações no posicionamento do globo ocular, oriundo da perda ou herniação dos tecidos ao redor do olho (peribulbar); visão dupla (diploplia) persistente.

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Alguns autores sugerem evitar o tratamento cirúrgico de pacientes que apresentam lesões simultâneas no globo ocular e nos casos onde há comprometimento do único olho funcional do paciente. Contudo, neste caso cabe ao profissional juntamente com o paciente, avaliarem o custo benefício da intervenção cirúrgica.

Os traumas de órbita apresentam um tratamento complexo, dada às características do trauma e a presença de estruturas nobres adjacentes, sendo, portanto, necessário um tratamento multidisciplinar, sistemático e organizado, objetivando permitir um melhor prognóstico para os pacientes.

 

Rafael José de Medeiros
Acadêmico do curso de Odontologia DOD/CCS UFRN;
Estagiário do Serviço de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial HUOL/CCS-UFRN;
Membro da Liga Acadêmica de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial da UFRN – LACBM;

 

REFERÊNCIAS:
ELLIS, Edward. Orbital Trauma. Oral And Maxillofacial Surgery Clinics Of North America, [s.l.], v. 24, n. 4, p.629-648, nov. 2012. Elsevier BV.
HIATT, James L.; GARTNER, Leslie P.. Anatomia Cabeça & Pescoço. 4. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2011. 375 p.

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