Anatomistas, quando retornaremos às aulas práticas?!

Os profissionais da saúde nunca se abstiveram de seu papel precípuo em manter e zelar pela vida humana, mesmo em algumas das situações mais trágicas de nossa história. A própria fisioterapia, por exemplo, foi essencial no processo de reabilitação dos vitimados pela Segunda Grande Guerra Mundial e se desenvolveu bastante a partir de então. Isso para não se falar do papel de notáveis enfermeiros, médicos, dentistas, entre outros que atuaram de forma heróica em grandes conflitos e crises de saúde.

O presente momento é desafiador para todos, e não só o vírus Sars-Cov-2, como também a desinformação e uma ideologia política que obnubila qualquer vislumbre de bom-senso agem como elementos complicadores para a mitigação dos efeitos da pandemia. Nesse cenário, deve-se destacar o papel que os docentes possuem para a educação e, em nosso caso, na adequada formação do futuro profissional das ciências biomédicas.

Certamente as aulas remotas tiveram uma relevância inicial que não pode ser depreciada; entretanto seu modelo não mimetiza completamente a rica experiência da aula presencial, seja por ofecerer exíguo ou nenhum contato com os pacientes, por resultar em pouca interação entre os colegas e professores do curso ou por propiciar escassa vivência nos laboratórios. Assim, se considerarmos que a Anatomia é uma ciência milenar que depende do reconhecimento visoespacial para melhor entendimento das centenas de estruturas anatômicas, e que apresenta um papel crucial no alicerce do conhecimento teórico-prático dos cursos biomédicos, não é de se imaginar que as aulas online oferecem uma experiência extremamente limitada da Anatomia Humana. Uma Anatomia “descomplicada” por vídeos e roteiros simplórios envolve apenas uma Anatomia superficial e obtusa.

Aplicativos tridimensionais, variados cursos online e formas alternativas de estudo podem atuar de forma complementar, mas nunca substituirão as práticas tradicionais nos laboratórios de Anatomia Humana, uma metodologia tradicional testada e comprovada por séculos! Mas como retornaremos às “práticas” quando ainda se discute o cenário incerto da pandemia de COVID-19?! Obviamente, vontade e planejamento são as respostas a fim de garantir uma adequada logística para o retorno aos nossos laboratórios…

Nesse ensejo, o protocolo de biossegurança da nossa instituição seguiu todas as recomendações das autoridades sanitárias e consistiu nas seguintes medidas gerais:

  • leitura prévia de todas as medidas de biossegurança disponibilizadas pelos docentes e à exaustão nos laboratórios e adjacências;
  • uso correto de máscaras, cobrindo boca e nariz;
  • uso de jaleco com mangas longas, fechado, com calça comprida e calçado que cubra pelo menos 75% dos pés;
  • lavagem recorrente das mãos com água e sabão, de acordo com as técnicas recomendadas pela ANVISA;
  • evitar tocar olhos, nariz e boca com as mãos;
  • manter distância mínima de 1,5 m entre os participantes;
  • ao entrar no laboratório, higienização das mãos com álcool 70%;
  • uso de luvas de procedimento;
  • não cumprimentar as pessoas com beijos, abraços ou apertos de mão;
  • manter cabelos compridos presos;
  • não utilizar acessórios pessoais como brincos, anéis, relógios e afins;
  • evitar compartilhar materiais e ferramentas no interior dos laboratórios;
  • o aluno deve se paramentar antes da entrada no laboratório e dispor no local adequado mochila ou outro material que realmente sejam necessários portar;
  • permanecer em bancada com no máximo 2 (dois) alunos.

Por outro lado, os técnicos também eram responsáveis por:

  • averiguar se há recipiente contendo álcool 70% em cada mesa;
  • desinfectar as peças com álcool 70% antes e após o uso;
  • manter a logística da separação das peças formolizadas somente para uso no horário estabelecido de aula;
  • proceder a limpeza das bancadas com álcool 70% antes e após as aulas;
  • verificar e manter completa paramentação dos alunos;
  • zelar pelo cumprimento das orientações e normas supracitadas.

Além das medidas acima, os docentes foram incentivados a:

  • organizar as aulas de acordo com as recomendações já assinaladas e em horários previamente reservados para cada turma;
  • privilegiar aulas demonstrativas com pouco contato e sem compartilhamento das peças;
  • observar as regras para utilização de peças sintéticas e plastinadas.

Passados alguns dias após o retorno de nossas aulas presenciais, deve-se ressaltar o papel crucial de nossa instituição a fim de que disponibilizasse recursos como álcool e detergente, além de outros não-essenciais como faceshield e EPIs descartáveis, de manter o funcionamento da biblioteca central por agendamento como também disponibilizar transporte coletivo para os alunos no interior do campus. Nossos monitotes também possuem um papel de destaque nas diversas atividades que executam a fim de dar suporte aos docentes. Sim, é verdade que outras adequações ainda são necessárias, com destaque para a reabertura dos restaurantes universitários e lanchonetes. No entanto, considerando que outros profissionais já retornaram ou sequer paralisaram suas atividades desde o início da pandemia em 2020, nossos alunos necessitam e merecem qualidade e excelência no ensino da Anatomia Humana. Estes representam nossos principais objetivos como professores e cidadãos na atual conjuntura.

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