
Bento J Abreu
Amanhã, dia 15 de maio de 2019, uma manifestação contra o contingenciamento de 3,5% do orçamento da pasta da educação foi programada para diversas cidades brasileiras. Sindicatos, professores, técnicos e alunos do ensino médio e superior prometem protestar em apoio à educação pública.
O tema é relevante. Afinal, quem seria contra às melhorias na educação de um país que patina nas últimas colocações em quaisquer testes internacionais de desempenho educacional e que forma alunos que não sabem ler, calcular ou interpretar textos?
Curiosamente, dentre todos os palcos para tal protesto, um particularmente causou-me grande estranheza – Natal! Esta pacata cidade receberá Guilherme Castro Boulos, o filósofo com especialização em psicologia clínica e mestrado em psiquiatria que é mais conhecido como líder do famigerado movimento dos trabalhadores (sic) sem-teto – o MTST. No ano passado, Boulos lançou-se como candidato do partido do socialismo e liberdade (paradoxal, não é mesmo?!) e obteve, pasmem!, 0,58% dos votos válidos. Trata-se de um excepcional fenômeno de público e bilheteria! Com pauta que circula naturalmente na comunidade universitária, o partido de Boulos apoia abertamente a ditadura socialista de Maduro que já vitimou milhares de pessoas e impõe fome e sofrimento aos seus conterrâneos. Aliás, toda essa pauta marxista que nos assombra há mais de dois séculos somente fisga jovens inexperientes e incautos…

Em seu “Lattes”, Guilherme Boulos apresenta-se como professor da USP e terceirizado da Escola de Educação Permanente da FMUSP. Mas o cerne da questão é: o que o líder do MTST pode oferecer para a educação brasileira, especialmente a do Rio Grande do Norte? Será que Boulos irá explanar a disciplina “Metodologia da Pesquisa em Invasão de Propriedade Privada” ou “Fundamentos de Ocupação Avançada”? Talvez o ex-candidato poderá discorrer sobre sua prolífica experiência em arrombar portões de condomínios ou desrespeitar diversas leis…
Qual a lógica de convocar estudantes para paralisarem suas atividades acadêmicas ao mesmo tempo que participam da palestra de um militante que promove uma verdadeira indústria de ocupações urbanas? Ora, apoiar a educação ao fomentar inclusive uma “greve de estudantes” (???) é que não é…
Certamente, a presença de Boulos em Natal (e nas demais cidades em que esteve nos últimos dias) envolve uma estratégia política muito bem definida a fim de minar e arrefecer as reformas estruturais intuídas pelo atual governo. Para isso, utiliza como pano de fundo a mobilização em prol da educação, além de inúmeras ameaças de greve. E nessa disputa, os alunos perpetuarão bovinamente seu papel de soldadinhos daqueles que tomam seu precioso tempo de estudo…
Em tempo 16/05/2019: Já que a ilustríssima governadora acompanhou Boulos em seu ato político, seria oportuno que os dois explicassem o porquê dos 4,5 milhões de “cortes” na educação do Rio Grande do Norte.